sábado, 17 de julho de 2010

Benjamin nas ruas de Berlin. Eu nas ruas de Belém. Incrível como o autor provoca nossas lembranças. Pode pintar alguma tristeza com o passar do tempo...

Walter Benjamin e eu, uma colagem. Ronald Junqueiro

No ano passado, mais ou menos por setembro, senti saudade de Walter Benjamin. Saudade é isso. Quisera eu tê-lo conhecido. Tempo e história não me permitiram esse encontro. Fiz essa colagem e me senti bem. Descobri a melancolia do olhar que, sem querer, me levou para o meu universo particular. Ou uma cópia desse universo que colo aqui.

O livro ‘Rua de sentido único e Infância em Berlim por volta de 1900’ foi lançado em 1992, pela editora Relógio d´Água”, de Lisboa, e é apresentado por Susan Sontag.

Quero dizer que não cabem mais resenhas. O livro de Benjamin é uma obra definitiva.

Walter Benjamin é um provocador. Instiga, induz sem piedade. Quer provar? Quem teve um jardim ou passeou por algum jardim mágico, na infância, há de reviver suas memórias lendo este trecho do feiticeiro Walter Benjamin:

"Havia no nosso jardim um pavilhão abandonado e carcomido. Adorava-o pelas suas janelas coloridas. Transformava-me quando, no interior, passava a mão pelas vidraças; adquiria a cor da paisagem que, ora ainda frondosa, se apresentava na minha janela”.

Na minha infância, os cheiros eram mais fortes, o olfato era o sentido mais solicitado. Lembro do taperebazeiro e o tapete de taperebás do quintal de uma tia-avó que morava três quadras da minha casa. Minha aurora querida.