Walter Benjamin e eu, uma colagem. Ronald Junqueiro
O livro ‘Rua de sentido único e Infância em Berlim por volta de 1900’ foi lançado em 1992, pela editora Relógio d´Água”, de Lisboa, e é apresentado por Susan Sontag.
Quero dizer que não cabem mais resenhas. O livro de Benjamin é uma obra definitiva.
Walter Benjamin é um provocador. Instiga, induz sem piedade. Quer provar? Quem teve um jardim ou passeou por algum jardim mágico, na infância, há de reviver suas memórias lendo este trecho do feiticeiro Walter Benjamin:
"Havia no nosso jardim um pavilhão abandonado e carcomido. Adorava-o pelas suas janelas coloridas. Transformava-me quando, no interior, passava a mão pelas vidraças; adquiria a cor da paisagem que, ora ainda frondosa, se apresentava na minha janela”.
Na minha infância, os cheiros eram mais fortes, o olfato era o sentido mais solicitado. Lembro do taperebazeiro e o tapete de taperebás do quintal de uma tia-avó que morava três quadras da minha casa. Minha aurora querida.