domingo, 28 de setembro de 2008

Carajás, o massacre premiado

Justiça procurada à luz de vela. Velemos os mortos. Ronald Junqueiro
Tempos de campanha repetem velhas fórmulas e abordagens na conquista dos votos: candidatos vão para a telinha, todos anjinhos de candura, juram, juram, juram que vão fazer isso e aquilo, parece refrão de samba: a vida vai melhorar. Acho que até virou trilha sonora de uma propaganda de margarina, na Alemanha.

Na verdade a gente não sabe se eles enganam os eleitores, ou enganam a si próprios ou acham que não enganam mas como a palavra de ordem é enganar, acham que se enganam se pensarem que não enganam o leitor e como diz a maravilhosa Rita Lee, “um dia depois, tudo vira bosta!”

Votar por obrigação é uma coisa muito escrota, palavra que pode expressar em baixo calão todo esse blá blá blá democrático_demagógico de mudar o país.

Ana Júlia Carepa, governadora do Pará, candidata do PT, à época da campanha, trazia na ponta da língua, como cartilha bem decorada, toda a indignação contra o massacre de Carajás, que resultou na morte de 11 sem-terra na famosa curva do S. O ex-governador Almir Gabriel, que também era candidato nas últimas eleições para o governo do estado, tentando manter a fatia mais generosa do queijo para o PSDB, partido que estava no comando do estado há 12 anos, teve que engolir a língua na falta de um gato de plantão. O massacre marcou o governo do Almir.

Não dá para não ficar indignado com a violência da Polícia Militar em qualquer situação. A polícia que é paga para ordenar, usa bala e cassetete e bate pra valer como desvairados batem nos mais fracos e desarmados. Isso é polícia?

O caso rodou o mundo, conclamou todas as instituições nacionais e internacionais de direitos humanos para manifestar-se contra a violência institucional, fardada, contra as atrocidades do autoritarismo, contra a falta de proteção dos cidadãos. E, no final, happy end.

Os comandantes à época do massacre, coronel Mário Pantoja e major José Maria Pereira de Oliveira, estão em liberdade. A governadora assinou lei concedendo pensões especiais para 22 dos 69 mutilados no massacre.

Mas faltavam comensais no banquete de Babete. Isso mesmo, na mesa havia cerca 80 cadeiras vazias esperando seus convidados. E claro, a anfitriã tratou de convidá-los:

A governadora Ana Júlia Carepa promoveu a cabo mais de 80 soldados que participaram do massacre.

Pergunta: como passar uma borracha rápida na memória da gente? O massacre serviu de mote na campanha da governadora que vociferava contra a impunidade do governo anterior. E agora José? O massacre aconteceu pelos idos de 1996, parece tão loooooooonge...

É, literalmente, arquivo morto. Tão mortinho da Silva que a governadora caprichou na tinta para premiar o que ela tanto condenou.

O poder se alimenta e vive de umas relações tão esquisitas! Parece coprofagia, né?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Andar com fé em um dia sem carro.

Paris, 1930. Museu Virtual do Transporte Urbano
O Dia Mundial sem Carro foi criado, em 1996, pelos franceses em protesto contra a poluição ambiental. O protesto virou o elo de uma corrente que une o mundo num movimento para melhorar a qualidade de vida e do ar que respiramos.

Em Paris, o congestionamento do trânsito na metrópole é velho conhecido dos franceses. A foto publicada aqui é testemunha. Essa é uma cena de 1930, quando Paris contabilizava 372.800 veículos – segundo estatística da época, a proporção era de um automóvel para cada 14 habitantes. A velocidade média dos ônibus caia para 5 km/h, velocidade equivalente às passadas de um pedestre. O metrô, como transporte de massa, evitou o engessamento total do tráfego na cidade. Faça uma visita ao Museu Virtual do Transporte Urbano, cheio de histórias e curiosidades.

Hoje, quem decidir deixar o carro na garagem, pode levar na cabeça uma trilha sonora maneira: "andar com fé eu vou, a fé não costuma falhar (...) Certo ou errado até / A fé vai onde quer que eu vá / Oh! Oh! / A pé ou de avião"...

Veja os 100 motivos para andar a pé. Com fé em que tudo correrá bem.

domingo, 21 de setembro de 2008

Dia Mundial sem Carro

Nesta segunda-feira, dia 22 de setembro, é comemorado o Dia Mundial Sem Carro, iniciativa lançada por países da União Européia, há oito anos, para incentivar as pessoas a descobrirem alternativas ao automóvel. O objetivo é reduzir o nível de emissão de partículas poluentes e outros problemas ligados ao uso do carro.

Cada cidade brasileira sabe o caos que lhe cabe. Belém virou um ovo para tanto carro. Há engarrafamentos e enlatamentos, pois há horas que nos sentimos nas ruas como se estivéssemos em latas de sardinha.

Belém, segundo o Departamento de Trânsito, conta com uma frota de mais de 200 mil veículos. Aumentou o número de carros, mas o centro da cidade, que ainda concentra a economia local, é um beco sem saída, sem vias alternativas, um caos.

E carro, daqui a pouco, resguardados os exageros, terá o valor da prestação de uma bicicleta. Nunca antes na história deste país foi tão facilitada a compra de um carro zero. No trajeto entre a casa e o trabalho, passo por duas feiras de bairro. Feirante, que agora vai para as estatísticas sociais e econômicas com o título de trabalhador informal, leva farinha até em utilitário importado - clarro que nesse caso deve ser carro usado, mas é importado.

E com esse modo de vida sobre quatro rodas surgiram as pragas urbanas: falta de estacionamento, estacionamento pago, flanelinha, arrombadores de carro e ladrões que roubam carros para cometer assaltos ou seqüestros relâmpagos. Andamos em carros fechados, com películas escuras, lataria e vidros blindados como se estivéssemos em caixões movidos a álcool, gasolina, gás e diesel, alguns literalmente movidos a álcool. Ninguém desfruta mais os trajetos, o cenário, as fachadas das casas.

O olhar é hipnotizado pelos semáforos e a atenção redobrada pois somos obrigados a dirigir pelos outros, também, já que as lei de trânsito não regulam absolutamente nada.

Somos priosioneiros dessa teia urbana. No outro lado, o sistema de transporte público é a expressão do descaso. Ônibus velhos, sujos, dirigidos por motoristas com instinto assassino pressionados pelos empresários usurários que exigem cumprimento de horário na circulação entre a chegada e a saída, sofremos com a queima de paradas lotadas de quem precisa se deslocar na cidade, arrastão e assalto, itinerários sem paradas seletivas que acabam afunilando mais o corredor do transporte público...no mais é o estresse.

As cidades se transformaram em enormes prisões e usamos camisas de força com outros nomes e modelos. Esse movimento das megalópoles são um prato cheio para curtas metragens, fotografias, áudiovisuais e outros meios de expressão...

Temos que nos convencer que vivemos no paraiso.

sábado, 20 de setembro de 2008

A cópula e o coito no país da hipocrisia

Como diz Lula da Silva hipocrisia é um país onde se falam todas as línguas e se permitem todos os vícios desde que esses sejam blindados. A fala do presidente sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo, opinião de cidadão que acaba sendo a do presidente no poder, vai mexer com as urnas em outubro, com certeza. Mas Lula é o primeiro presidente da República a expor a hipocrisia dos candidatos homofóbicos que não rejeitam votos, pois voto não tem sexo nem orientação sexual.

Quando pinta sexo no pedaço a questão é delicada. Mesmo quando a gente engrossa o coro e canta com Marina Lima que "sexo é bom", sabemos que o tema desafia abordagens complicadas, às vezes. E isso independe das relações estabelecidas. Casos, cachos, casais, casados com as bênçãos de Deus, dos padres, dos juízes, dos homens e das famílias e afins nem sempre encaram com naturalidade o que lhes cabe no papel de amantes. O que foge à regra é indecente, pornográfico.

A leitura da revista Playboy não precisa ser confinada entre quatro paredes, está nas bancas, tem até sessões de autógrafos com a garota da capa, porém recitar uma poesia erótica, mais explícita que qualquer foto de mulheres nuas, de quadros ou cenas de cinema pode fazer corar o mais safadinho dos coroinha escondido (ou protegido) atrás da hóstia.

Em 1994, ouvi pela primeira vez, lido por uma amiga, Maria Elisa Guimarães, professora de Filosofia, subroseana apaixonada por tantos e tantos poetas, entre eles Manoel Bandeira, uma poesia a ele atribuída e por muitos considerada bocageanamente pornográfica. O que escapa das quatro paredes corre risco de ser jogado na vala comum da pornografia – ou da hipocrisia. Como é que Manoel Bandeira, o poeta que queria ir para Pasárgada poderia ser mais ousado que desejar ser amigo do rei e ter mulher na cama que escolhesse? O poeta só poderia dizer isso na poesia, ferramenta do seu ofício. E o fez no soneto “A cópula”.

Um pouco dessa história pode ser conhecida na Usina das Letras

A Cópula

Depois de lhe beijar meticulosamente
O cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
O moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
Colhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alterou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!"
Grita para o rapaz que aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
Lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.


De Ferreira Gullar, outro poema erótico para sobrevoar as terras da hipocrisia.

Coito

Todos os movimentos
do amor
são noturnos
mesmo quando praticados
à luz do dia
Vem de ti o sinal
no cheiro ou no tato
que faz acordar o bicho
em seu fosso:
na treva, lento,
se desenrola
e desliza
em direção a teu sorriso
Hipnotiza-te
com seu guizo
envolve-te
em seus anéis
corredios
beija-te
a boca em flor e por baixo
com seu esporão
te fende te fode
e se fundem
no gozo
depois
desenfia-se de ti
a teu lado
na cama
recupero a minha forma usual

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Polícia tem carta-branca para matar

Quem quiser baixar wallpaper do filme, pode ir no Winxlinux
O relator especial da ONU, Philip Alston, disse ontem, segundo a agência AFP, que a polícia brasileira é responsável por uma parte considerável dos 48.000 homicídios registrados todos os anos no país e se beneficia de uma "carta-branca para matar", denunciou nesta segunda-feira Philip Alston, o relator especial da ONU para execuções sumárias.
E cita o Rio de Janeiro como cidade superviolenta, onde os agentes da polícia, segundo ele, “matam três pessoas por dia e são responsáveis por mais de 18% de todas as mortes"

Até hoje não sei a que ponto essas notícias negativas para a imagem do Brasil podem transformar a realidade e aqui voltar a ser Pindorama. Qual é o resultado prático que isso traz para o brasileiro que está na linha de fogo? Alston afirma que essa situação é estimulada pelo "sistema atual, que dá uma carta-branca para as mortes cometidas pelos policiais", segundo relatório apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos em sessão plenária realizada, em Genebra.

Nada de novo existe neste planeta chamado Brasil que não se fale numa mesa de bar. E da forma como a noticia é veiculada, todos somos cariocas e vivemos no Rio de Janeiro, para onde vai a bronca maior do documento. O Brasil é muito mais e a violência é bem maior. Não podemos ser levianos a ponto de eleger este ou aquele estado como exemplo de barbárie.

O que a ONU diz - e essa constatação é lamentável - nossos governantes sabem de cor como sabemos de cor que o que falta aos nossos governantes é uma política de segurança pública que se volte integralmente para o cidadão. Estamos em plena campanha eleitoral municipal e, pelo menos aqui no Pará, não se ouve os candidatos falarem de um projeto sério no segmento da segurança pública. Todos engatam no velho “ramerame” de construir delegacias, penitenciárias e investir em polícia comunitária, criando a ilusão de democracia participativa. Tudo isso e nada e nada é a mesma coisa.

A polícia de Belém, hoje, está toda na rua, mas não por causa do cidadão e sim porque vem aí o Fórum Social Mundial e a cidade precisa ser “higienizada”. Vão fazer o que? Extermínio? Os bandidos vão migrar dos bairros onde o fórum terá muitas atividades para outros bairros e depois? Depois que o fórum acabar a bandidagem vai cantar em coro a música "Por enquanto", do Renato Russo?

“Mudaram as estações /Nada mudou / Mas eu sei que / Alguma coisa aconteceu / Está tudo assim / Tão diferente... (...) Mesmo com tantos motivos / Pra deixar tudo como está / Nem desistir, nem tentar / Agora tanto faz / Estamos indo / De volta pra casa...

Então retorna tudo como dantes do quartel de Abrantes? Quando na história deste país os governos planejaram um combate efetivo à bandidagem, seja bandido de carteirinha ou disfarçado em fardas policiais, que restituísse aos cidadãos o direito de ir e vir?

Durante a realização da Eco92, o Rio de Janeiro virou a cidade mais segura do mundo. Quem viveu este momento e tem boa memória vai lembrar como se podia vagar pelas ruas cariocas sem medo. Acabou o fórum e o poder paralelo mostrou que veio pra ficar. A polícia era polícia de verdade, exercia seu papel.

E as crônicas e noticiários de 1969 publicadas nos jornais da época quando a Rainha Elizabeth veio visitar o Brasil? Quem viveu esta época?

Os mendigos sumiram das ruas e as favelas foram maquidas por out doors. No Recife, a rainha chegou a jogar beijos para as prostitutas por achar que aquele bando de mulheres debruçadas nas janelas estava ali para homenageá-la no trajeto que a comitiva real fazia pelas ruas de um velho bairro da cidade.

Assim é se lhes parece, mas segurança só acontece em dias de festa ou eventos especiais. A polícia tem que ser polícia. Depois é cada um por si e Deus por todos.

O tal relatório da ONU conclui que "muitos policiais buscam aumentar seu magro salário trabalhando para as organizações criminosas".

Ô seu Alston, conta outra! Nossos governantes estão carecas (ou não) de saber que há um esquemão correndo solto para garantir uns trocados a mais e nem precisa que o relator, também professor de direito na Universidade de Nova York, venha nos contar essas barbaridades, que "um número considerável de policiais levam uma vida dupla. Quando estão de serviço, combatem os grupos de traficantes, mas, em seus dias livres, trabalham a serviço do crime organizado".

O relatório de Alston, que também fez diagnósticos e recomendações sobre São Paulo e Pernambuco, criticou o modelo de "megaoperações" adotado no Rio desde 2007. Um dos principais alvos dele foi a ação que levou 1,3 mil policiais ao Complexo do Alemão (zona norte) em junho de 2007 e terminou com 19 mortos. Ele sugere a troca das operações pela presença policial permanente nas favelas dominadas pelo tráfico.

Tudo bem Sr. Alston, mas será que esse relatório não serviu apenas para gastar tinta de impressora e entrar para os anais internacionais, para manter a rima pobre e iluminar com velas e círios a imagem do Brasil como um estado bandido?

Não acho que nós brasileiros devamos ficar calados, pateticamente mudos com as ameaças que sofremos diariamente e que os cadernos de policia cobrem com uma fartura de detalhes que nos causa náuseas. A questão é: o governo brasileiro vai ler e levar em consideração a denúncia? A Justiça vai ser Justiça?

Até aqui, o governo age de modo pontual na crise institucional da segurança pública, porque se sente confortavelmente seguro com batedores, carros blindados, esquemas de segurança, cercas eletrificadas, cães de guarda e medidas rigorosas para manter a integridade dos nossos representantes. Ao cidadão comum resta acender uma vela para o anjo da guarda e rezar para não perder a vida por causa de um botijão de gás.

Enquanto isso, Fernandinho Beira-Mar, família & Cia vivem no bem bom, bem alimentados e seguros de dar inveja a qualquer trabalhador de um Brasil desigual, mesmo para quem acha que uma bolsa família e outros trocadinhos transformaram o país na oitava maravilha e que a vida, por isso, vai melhorar mais.

Aliás, é de causar estupor coleguinhas e escrevendo em colunas formadoras de opinião afirmando que Lula, mais um presidente, pode ser considerado um mito.

Menos, menos, menos...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Anos dourados, JK e outras muminhas mais

Diamantina (MG) 12. 09.1902 / Resende (RJ) em 22.08.1976
O presidente Luiz Ignácio Lula da Silva comparou o momento atual do Brasil com os anos dourados da era JK, durante discurso na abertura da exposição "Um certo navio brasileiro", comemorativo aos 106 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Segundo Lula, ocorre no momento uma interligação entre a rota traçada por JK e o processo de retomada de desenvolvimento do Brasil. "Trata-se de um Brasil à moda de Juscelino, em que foi retomado o otimismo da juventude", afirmou.

São dois momentos históricos diferentes. Lula não precisa esperar a construção de um memorial em sua homenagem. A história consolidará os feitos de seu governo. O pré-sal existia e existe antes de Lula existir e outras riquezas naturais. Xixi no oceano, idem. Discurso saudosista? Isso é nóia por reconhecimento, nada mais que nóia.

Anos dourados são ouros passados.

A Sucessora

Cartaz meramente ilustrativo da próxima HQ televisiva das seis
Passe a ponta do dedo indicador na língua e vire a página do seu caderno de apontamentos onde você copia as aulas de história. Diante da tecnologia digital, a imagem lembra foto gasta, preto e branco e com fungos nas pontas, sumindo aos poucos. Hoje em dia uma pequena caneta e uma tela digital nos jogam para o túnel do tempo, mas vamos esquecer as tecnologias avançadas e ir direto ao que interessa.

Faça uma revisão histórica na coluna da Lúcia Hipólito. Desde Artur Bernardes (1922-26), um presidente da República eleito diretamente pelo povo não faz o sucessor. Use sua bola de cristal, pesquisas, declarações presidenciais e responda lá com seus botões: Dilma será a sucessora de Lula? Ou a sucessora será Suzana Vieira?

Considerando que a ficção dá audiência e que os autores e diretores martelam em nossas cabeças que novela é obra aberta, como será o amanhã?

O brasileiro reage bem ao programa vale a pena ver de novo, como a nova pesquisa divulgada pela Datafolha, com aprovação recorde do governo Lula: 65%.

Pesquisas no Brasil sempre geram desconfiança, mais ainda com essa onde de grampos, corrupção, a volta de Roberto “Mensalão” Jefferson às manchetes e o bate-boca inútil entre cristãos e muçulmanos na fábula “Nunca antes na história deste país houve...” ou de que Lula é milagreiro ou uma farsa.

Nem uma coisa nem outra. Se foi eleito deve fazer jus aos votos realizando um bom governo. O resto parece dramalhão folhetinesco. A firulagem pastelão, mero acessório presidencial como manda o script do personagem central.


[ A Sucessora foi uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida no horário das 18 horas de 9 de outubro de 1978 a 2 de março de 1979. A história exibida em 125 capítulos, foi escrita por Manoel Carlos e dirigida por Herval Rossano, Gracindo Júnior e Sérgio Mattar. No elenco, Suzana Vieira, Rubens de Falco e Nathália Timberg.

A novela A Sucessora ganhou duas versões na América Latina: "Manuela", em 1991, na Argentina, e "Isabella, Una Mujer Enamorada", em 1999, no Peru. ]

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Viva o povo brasileiro!!!

A propaganda eleitoral está abaixo da linha do aceitável. Fala-se em renovação de bancadas, mas o nível é sofrível. Tanto dos que tentam reeleição como os que querem estrear no plenário da Câmara Municipal. O desfile de nomes, apelidos e currículos não serve nem para escolha de conselho comunitário.

Não há qualidade nem qualificação, é visivel a falta de consciência cívica e de vocação para a coisa pública, o discurso é velho, empoeirado, mumificado, o grau de escolaridade beira o desastre do preparo intelectual necessário para que o candidato saiba que não se escreve caXorro com “Xis”.

De repente entra na telinha um Júnior Metralha, que se diz conhecido nas comunidades tal e tal e que vai virar mundos e fundos para melhora a vida dos pobres.

Depois vem o Gege, que com um performático ar de galã diz com todas as letras que é um homem de baixa estatura mas que é nos pequenos frascos que estão guardados os grandes perfumes. Dou a cara a tapa se ele viu algum dia um frasco de Channel no. 5 – não que isso faça a diferença para melhor ou pior na questão do caráter ou da competência, valores que jamais serão medidos por uma gota de perfume. Mas pela ignorância ou cinismo da falta de um projeto político. Pior: o homem de baixa estatura, na verdade, não chega à altura do baixinho da cerveja. E na verdade um anão. Condição que não o impediria de ser um grande homem.

Aliás, a política brasileira é cheia de anões que, espertos, tiraram a Branca de Neve de cena e deram-lhes pequenos cargos de secretária, amantes, casos, cachos, acompanhantes e modelitos de capa da Playboy. Com direito a noite de autógrafos, ora veja! Nenhuma é Cecília Meireles, Raquel de Queiroz, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Adélia Prado...

Não podemos esquecer que temos o nosso lado – e lona – de Circo.

Juro que não acredito que candidatos formados na USP, PUC, FGV, Yale, Oxford, Universidade Livre de Berlim e outras instituições sejam fórmula de sucesso quanto à gestão pública. Vide Mangabeira Unger e seu sotaque bizarro. Ele entende mais de Central Park de NY do que de floresta amazônica.

Acho também que nossos medalhões não disputariam cargo municipal, que deve ser muito pouco para quem tem uma parede cravejada de títulos de excelência de doutor disso ou daquilo.

Penso ainda que essa turm iluminada não tem perfil olímpico para fazer caminhadas diárias que os candidatos a prefeitos fazere nesse periodo de campanha. Andam ou se arrastam que nem pagador de promessa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

No mais, estariam a milhas de distância da realidade vivida por Metralha e Gege, só a título de ilustração. Aposto que num caso e no outro, a catástrofe seria inevitável. Nem mesmo Lulinha pode servir de modelo, se bem que ele abriu as portas para a democratização dos que acham que banco de escola não dá camisa a ninguém. E essa tese é domínio público, virou conversa de esquina e de mesa de bar. É tipo sonho de garoto pobre que quer jogar no Milan, no Barcelona, no Chelsea ou no Werder Bremen.

A história brasileira é uma comédia com libreto de ópera bufa. Mais um espetáculo para picadeiro e para palco italiano. Não nos faltarão maestros.

Quem lembra o ex-cacique xavante Mario Juruna, único índio brasileiro a pisar no Congresso como deputado federal (1983_87)? Ele teve seus minutos de fama por andar com um gravador, em Brasília, para gravar as promessas feitas pelos políticos para as reivindicações indígenas. Juruna achava que eram promessa mentirosas. Tinha ou não razão? Qualquer dia vão dizer que o índio inspirou a Polícia Federal e a Abin a usar grampos. Só que índio não gravava nada às escondidas.

Mário Juruna entrou para o anedotário político – melhor isso do que entrar para os anais – como coisa exótica, de um país dado ao exotismo e mesmo a mídia apresentou-o muitas vezes de maneira chistosa. Mas ele ficou famoso mundialmente, em 1980, ao ser delegado dos índios do Brasil no Quarto Tribunal Bertrand Russel, realizado na Holanda.

Juruna tinha uma qualidade que falta a muito político e candidato de hoje, tinha alma de Fernando Pessoa quando este escrevia poemas como Alberto Caieiro que sabia não ser o Tejo o rio que corria por sua aldeia, mas amava o rio que passava por sua aldeia. Juruna conhecia seu rio e aldeia, seu universo e seu infinito particular. Primeiro vinha à Brasília para pedir roupas e calçados para seu povo, depois viu que isso era tão pouco, que a ameaça sofrida pelas nações indígenas era bem maior, era ameaça de extermínio.

A história de Mario Juruna é tão triste quanto a de Policarpo Quaresma, o brasileiro personagem do mulato Lima Barreto, outro escritor genial e maldito da terra brasilis. Jurunas morreu em 2002, no Distrito Federal, longe da sua aldeia, por complicações renais e um princípio de pneumomia. Parece praga de banco: ele sofria de diabetes e hipertensão.

Viva Carlos Gomes! E Villa Lobos! E o povo Brasileiro!

Fico imaginando eleitor atrás do biombo, aparvalhado diante da urna eletrônica, com as opções “Branco”, “Corrige” e “Confirma”. Digita os números e na hora de finalizar a escolha, chama o mesário, faz escândalo, quer exercer o direito de cidadão mas se sente boicotado, fraudado pois não encontrou entre os botões a quarta opção. E resolve anular o voto. Ninguém entende porque tanto piti. Fácil, né? O eleitor explica aos jornalistas de plantão:

- Todo dia aparecia candidato prometendo mundos e fundos, que ia dar abrigo para que passageiros se protegessem da chuva e do sol, queria um voto de confiança...mas acho que a urna que colocaram na minha seção é jurássica. Procurei é não encontrei o botão “voto de confiança”....ora, depois disso, em quem eu poderia votar?

Cai o pano.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Briga por um quintalzinho de 8.000 hectares

De onde vem a riqueza dos governadores brasileiros? A pergunta sempre fica no ar. Mas que dá enredo de escola de samba, ah, isso dá!

Não precisamos ir longe na história do Brasil. Basta uma vôo rasante nos mandatos a partir da redemocratização do país que pega na unha o governo Sarney que no imaginário popular ficou com a cara colada pelos preços daquelas neuróticas maquininhas de remarcação, mal o consumidor dobrava uma prateleira ou gôndola de supermercado. Era perseguição de gato a rato.

No Pará, a riqueza do Jáder Barbalho é um mistério que desafia toda a criatividade de Ali Babá. Depois dele, a fila já andou um bocado. Mas cada estado brasileiro deve ter sua montanha mágica, alis e ladrões.

Fim de expediente. Clico na manchete:


Matéria assinada pelos jornalistas João Carlos Magalhães da Agência Folha, em Belém, e Pablo Solano da Agência Folha.

A briga é entre os índios da etnia Ajuru e Ivo Cassol (sem partido), que disputam uma fazenda perto da fronteira com a Bolívia, no distrito de Porto Rolim de Moura do Guaporé, município de Alta Floresta d'Oeste (541 km de Porto Velho).

A questão fundiária e a regularização das terras na região norte é assim, como a luta do rochedo contra o mar, do poder contra os sem poder, da riqueza contra a pobreza e o que mais se possa imaginar. Como 2008 é ano política, o governador já se diz vítima de conspiração e que não vai ficar quieto. Os Ajuru batem o pé e garantem que a terra lhes pertence.

O mais prosaico de tudo vem da seguinte resposta:

"A assessoria de Cassol negou qualquer dano à cultura dos indígenas e também a intenção de fazer um hotel. Ele só cria gados e "esfria a cabeça" no local, afirmou a assessoria".

Ou seja, transforma a floresta em pasto e para criar pasto tem que desmatar. Uma equação simples. Será que o governador comprou 8.000 hectares como quem compra banana na hora da xepa?

Um quintalzinho de 8.000 hectares, ora o que é isso? Será mais barato que um zero quilômetro em 60 prestações? Se algum estranho estiver de olho gordo no pedaço, aviso aos navegantes e andarilhos que não tem nada pra ninguém. Por que tanta xenofobia se a casa da mãe joana e coisa do Brasil?

Gringos, go home!!!

Portal da Globo para a Amazônia

Há certo exagero fantástico de que os brasileiros poderão fiscalizar e cuidar da Amazônia através de um portal da Internet. Mas a iniciativa da Rede Globo é em vinda no sentido de dar mais visibilidade aos problemas que a região enfrenta ao longo da sua história de ocupação. Por certo podermos contar com mais uma, vamos dizer assim, ferramenta para não ficarmos à sombra da ignorância enquanto a floresta se transforma em fogo e fumaça e troncos cortados por motosserras, árvores arrancadas por tratores, água contaminada por mercúrio de garimpos clandestinos, e seja o palco do extermínio de animais, plantas e os povos da floresta.

A Amazônia ganhará um aliado, mas o aliado ganhará uma Amazônia no marketing internacional da emissora, que já poderia ter um portal desse tamanho ou até de tamanho modesto bem antes dessa catástrofe anunciada, da ameaça crescente de fim dos tempos para a maior floresta tropical do planeta.

Vamos torcer para que essa frente de defesa seja uma ação permanente e não apenas fogo de palha. Essa observação, longe de ser um manifesto de má vontade ou ladainha de quem é do contra porque é bonitinho ser oposição é, na verdade, um estado de alerta para ficar de olho no portal, já que foram tantas as portas fechadas a uma região cobiçada por todos e que pouco recebe de todos os que a cobiçam. Que o digam os povos da floresta.

Uma sacada do portal GloboAmazônia que merece aplauso é a atualização do mapa, em tempo real, via satélite, englobando toda a Amazônia legal. As informações vão ser atualizadas diariamente e virão direto dos computadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os internautas poderão visualizar a região clicando em ícones sobre o mapa. Eles também poderão formar comunidades, ter um ranking dos usuários mais ativos nas denúncias e discutir a tomada de providências em ferramenta que permite a comunicação do Portal Globo Amazônia com a rede de relacionamentos do Orkut.

ENTRE NO PORTAL!

domingo, 7 de setembro de 2008

As 10 + da Bossa Nova + 1

Aqui o espaço é pequeno. Mas o Brasil tem memória. Ronald Junqueiro
As dez mais e mais uma sem voto de minerva. A lista não tem nada a ver com a Billboard. Muito menos com o baixo nível dos candidatos à eleição municipal. Os amigos daqui, desta banda larga, citaram as três músicas da Bossa Nova que mais gostavam (e reclamaram muito por terem de indicar apenas três músicas!)

Acho que foi um momento bom de revisitação. São 50 anos. O mundo é mais velho. Segue a lista das 10 + 1 do Imarginálico e, claro, muita coisa ficou longe da lista e outras nem foram citadas. Valeu!

+ Chega de saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
+ Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça)
+ Eu sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
+ Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
+ Wave (Tom Jobim)
+ Só tinha que ser com você (Tom Jobim e Alysio de Oliveira)
+ Insensatez (Tom Jobim)
+ Se todos fossem iguais a você (Tom e Vinícius)
+ O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli)
+ Samba do avião (Tom Jobim)
+ Corcovado (Tom Jobim)

O grande Antônio Carlos Brasileiro Jobim é a grande referência da Bossa nova, ele seus parceiros. A voz do povo é a voz de Deus. Excessão: unanimidade inteligente. Mas não podemos esquecer outros geniais compositores que não entraram nessa brincadeira de roda como João Donato, Francis Hime, Baden Powell, Carlos Lyra, Billy Blanco, Johnny Alf, Sérgio Ricardo, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Chico Feitosa, Geraldo Vandré, Luiz Bonfá e toda uma geração que veio depois de Tom.
Se a lista fosse minha, eu acrescentaria mais 10:

+ A Rã (João Donato e Caetano Veloso)
+ Chora tua tristeza (Oscar Castro Neves e Luverci Fiorini)
+ Chovendo na roseira (Tom Jobim)
+ Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira)
+ Estrada do Sol (Tom Jobim e Dolores Duran)
+ Eu e a brisa (Johnny Alf)
+ Gente (Marcos e Paulo Sérgio Valle)
+ Influência do jazz (Carlos Lyra)
+ O Pato (Neuza Teixeira e Jayme Silva)
+ Você (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli)


+++++

Mail de Tintin...e a play list se mantém atual.

Ola Ronald!!!



Eu achei sua play list sobre a Bossa Nova pelo site do Terra. Nao me pergunte como, foi Google total (o que e' otimo, nao e'?! eheh Significa que vc esta' tendo MUITAS visitas..eheh)

Voltei para te dizer de onde veio a fonte, pois sei como os meios que chegam aos nossos blogs sao importantes para no's comunicadores.

Eu sou estudante de jornalismo e agora estou morando na Argentina. Estava procurando sobre Bossa pq quero mostrar aos meus amigos a musica brasileira e daqui uns dias vou escrever sobre a falta que elas nos fazem, quando estamos fora do pais!!

Mas ja estudei na UFMG sobre musica tb e Bossa sempre me encantou!


Muito sucesso e sorte!


Cintia Gontijo (ou so' Tintin)

ps.: ah, eu sou de Bh!!! eheh Bjo

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Amazônia. Apagar o fogo, acender a velinha

Exemplo de resistência, desafio ao tempo. Ronald Junqueiro
Parece dia de festa, mas não é. Na avenida onde fica o prédio onde moro estudantes desfilam pelo dia da Raça. Uma das escolas vem com a banda em silêncio e os alunos usam luto pelo assassinato do colega por outro colega, em frente ao colégio.

Os jornais circulam carregados de anúncios institucionais pelo dia da Amazônia. O governo anuncia que vai começar o plantio de um bilhão de árvores até 2011.

Os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura querem colocar em prática o plantio de dendê, uma cultura exótica para a região.

O Partido dos Trabalhadores condena ações recentes do ministro Carlos Minc com a possibilidade de recuperação de áreas degradadas com espécies exóticas e não com plantas nativas. Mas é bom assinalar, como o Brasil não é só Amazônia, que o PT condena também e a concessão da licença ambiental prévia para a Usina Nuclear Angra 3.

O PT critica ainda a lei 11.763, assinada em agosto pelo presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, que aumentou de 500 para 1.500 hectares o limite para regularização fundiária na Amazônia sem licitação.

O Sistema de Alerta ao Desmatamento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia, 276 km2 de floresta foram derrubados ou queimados em julho deste ano. Há um ano, a região perdeu 961 km2. Caiu o desmatamento.

Como diz ditado “onde há fumaça há fogo”, Lula lapidou a seguinte frase quando questionado na terça-feira passada sobre o projeto que proíbe o fumo em locais fechados:

“Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado.”

E Lula nem aí. Segundo repórteres que participavam da coletiva, ele fumava sua cigarrilha na maior, contrariando a legislação que só permite o fumacê em fumódromo.

Tudo isso seria prato cheio para Sérgio Porto, o genial Stanislaw Ponte Preta e seu Febeapá, o Festival de Besteiras que Assola o País, ou uma nova versão para o samba do crioulo doido.

Frase do Stanislaw Ponte Preta

"No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer."

Resta-nos desfilar pela Avenida Brasil.

Uma boa leitura sobre o dia da Amazônia: Blog da Amazônia do Altino Machado

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

No palco, a ausência

Distante dos palcos há alguns anos, o ator Fernando Torres se despede do teatro brasileiro. Carioca nascido no Rio de Janeiro, em 1927, estreou com a peça “A Dama da Madrugada”, em 1949, ao lado da atriz Nathália Timberg.

Ele era casado com a atriz Fernanda Montenegro e pai da atriz Fernanda Torres e do diretor Cláudio Torres.

Fernando Torres atuou também no cinema e na telvisão. Sai de cena discretamente. A família divulgou que não haverá velório. O corpo será cremado.

Eu não sou cachorro não!

Brega, cafona, trash e tudo o que se pode colocar na linha marginal do Brasil foram os títulos e adjetivos mais usados ou envolvidos em pele de tomate para jogar no amado e odiado cachorrão Waldick Soriano. Agora, ele será um clássico e com certeza reconhecido como o que teve coragem, na multidão de puristas da MPB, de fazer música explícita sobre a dor de corno.

É preciso separar o joio do trigo, pois muita gente veio no embalo do artista, gente sem qualidades definidas, o falso brilhante.

O que dizia Waldick

“Não entendo por que rotulam a música romântica de brega. Essa nova geração nem sabe o que é isso! Brega é cabaré, é aquele lugar popular onde o homem vai procurar uma mulher”.

“A elite está carente. Ela sente a falta das músicas do tempo em que se dançava bem, da música romântica, que é imortal. Hoje, não existe mais um Altemar Dutra, um Nelson Gonçalves”.

Adeus, Waldick! Ex-bóia-fria que virou peão, depois motorista de caminhão, garimpeiro e que era considerado o “Frank Sinatra” made in Brazil.

Baiano de Caetité, com mais de 40 anos de estrada, a última homenagem para o artista foi feita pela atriz Patrícia Pillar que dirigiu o documentário “Waldick, Sempre no Meu Coração”.

Acho que a música “Eu não sou cachorro não” embalou a trilha de muita desilusão amorosa. Com direito à versão em inglês. Se for mais chique e menos chocante, baixe um mp3 com "I'm not dog no".

Alguém acredita que nunca na história deste país existiu corno? Então quem nunca sentiu dor de corno que atire a primeira pedra.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A Rebarbadora ( O início...será?)

Esta história de rebarbadora é um bom mote para os filmes dos cineastas Wes Craven e Quentin Tarantino. Voltando ao local do crime, ops! Da leitura ao Diário de Notícias, de Portugal, o arrombamento do caixa eletrônico da vila de Alvalade do Sado não é inédito. Cerca de três semanas antes, assaltantes arrombaram o caixa eletrônico em Grândola, cidade que na minha imaginação deve ser o paraíso.

Na página do Concelho de Grândola, o convite é tentador. Ficar de pernas pro ar na costa do Alentejo é tudo o que eu queria:

“A costa do Alentejo apresenta-se hoje no continente europeu como um dos melhores exemplos de um litoral pouco intervencionado, mantendo praticamente em toda a sua extensão características biofísicas naturais.

Entre o oceano Atlântico e a planície alentejana, numa extensão de 45 km, desde o extremo da Península de Tróia até à praia de Melides, a costa do concelho de Grândola, é a maior extensão de praia do país, uma mancha contínua de areal. A paisagem litoral é caracterizada por uma costa baixa de extensas praias arenosas, constituídas por vezes pelos sedimentos avermelhados das escarpas arenosas recentes".

Pois bem, os ladrões – três indivíduos encapuzados - abriram o cofre em menos de oito minutos. Não ameaçaram ninguém com armas, intimidaram apenas os funcionários e os dois clientes que se encontravam no restaurante Cavalo Lusitano e ordenaram que ficassem “quietos” enquanto arrombavam o caixa. Depois do roubo fugiram tranqüilamente numa BMW ou Audi, segundo informações desencontradas de testemunhas. Muito menos imagens do bando.

“Despejaram o extintor, para criarem uma densa nuvem de pó na zona onde iam actuar, viraram as câmaras de vigilância ao contrário, com um pé-de-cabra, e desligaram a caixa ATM da ficha, para ligarem a rebarbadora.”

O que não faz uma rebarbadora? Segundo o jornal os ladrões entraram no restaurante de rebarbadora “apontada” à caixa multibanco, na calma tarde de uma quarta-feira alentejana. Metralhadora é coisa de bárbaros, trogloditas. E o bando da rebarbadora certamente é gente de fina estampa, até no tratamento: um dos dois funcionários no estabelecimento “ainda tentou fugir pelas traseiras. Mas logo foi detido pelos assaltantes, que o avisaram para estar "quieto".

Um dos funcionários até comentou:

"Nem disseram que isto era um assalto ou que deixava de ser. Só diziam para as pessoas estarem calmas e quietinhas, enquanto um deles cortava a caixa de lado. Sabia o que estava a fazer, porque ela abriu em menos de nada."

- Enquanto isso, no México, uma onda de terror abala a população: em três dias, 19 pessoas foram degoladas e, num dos casos, a cabeça da vítima foi deixada no frigobar...

- Enquanto isso, no Brasil, cai a cúpula dos arapongas. Não sabem usar grampo como a minha avó que prendia os cabelos lindamente num coque. A Agência Brasileira de Inteligência mostra-se pouco inteligente. O Lula, nosso presidente, nada sabia sobre a arapongagem.

- Enquanto isso, em Novo Repartimento, município do estado do Pará, 20 assaltantes invadiram a cidade na madrugada da segunda-feira, dia 2, armados de escopetas, fuzis e metralhadoras, renderam dois funcionários de uma empresa de energia elétrica e tentaram explodir o cofre do Banco do Brasil. O roubo não foi concretizado, mas o bando desafiou a polícia disparando para todos os lados, usando refém como escudo. No confronto, o quartel da polícia foi crivado de balas. Os bandidos fugiram em vários carros, levaram o refém que foi liberado depois e o carro da empresa dirigido por ele foi abandonado e incendiado cerca de quatro quilômetros da cidade, no meio da Transamazônica.

Realmente, uma rebarbadora faria menos estrago. Menos que o desgoverno a que estamos submetidos num país em que segurança e nada são a mesma coisa