A musa, talento e inteligência para cantar música brasileira
É fundamental para os amantes da música brasileira, dessa música que atravessa o tempo e desafia todos os modismos e arroubos do mercado fonográfico, beberem sempre nessa fonte.
Nara Leão, conhecida como “musa da Bossa Nova” ( veja a página feita por Isabel aqui ), era uma artista refinada e uma cidadã de primeira linha. Durante a ditadura militar, não se calou e lançou críticas aos militares. E as coisas esquentaram para seu lado depois de uma entrevista dada ao jornal “Diário de Notícias, na qual defendia a saída dos militares do poder. Era o ano de 1966 e Nara, aos 24 anos, disparou contra o regime: “numa guerrilha moderna, o nosso exército não serviria para nada (...) “quem está mandando é que deveria ser cassado”. E o jornal seguiu sua vocação de provocar os militares com o título: “Nara é de opinião: Esse Exército não vale nada”.
Os artistas saíram em defesa da doce Nara, ameaçada de prisão. Entre eles, o poeta Carlos Drummond de Andrade, com apelo direto ao presidente da República, o marechal Castelo Branco. E pediu, no poema-manifesto: Não prendam Nara Leão.
Meu honrado marechal
dirigente da nação,
venho fazer-lhe um apelo:
não prenda Nara Leão (...)
A menina disse coisas
de causar estremeção?
Pois a voz de uma garota
abala a Revolução?
Narinha quis separar
o civil do capitão?
Em nossa ordem social
lançar desagregação?
Será que ela tem na fala,
mais do que charme, canhão?
Ou pensam que, pelo nome,
em vez de Nara, é leão? (...)
Que disse a mocinha, enfim,
De inspirado pelo Cão?
Que é pela paz e amor
e contra a destruição?
Deu seu palpite em política,
favorável à eleição
de um bom paisano – isso é crime,
acaso, de alta traição?
E depois, se não há preso
político, na ocasião,
por que fazer da menina
uma única exceção? (...)
Nara é pássaro, sabia?
E nem adianta prisão
para a voz que, pelos ares,
espalha sua canção.
Meu ilustre marechal
dirigente da nação,
não deixe, nem de brinquedo,
que prendam Nara Leão.
Nara Leão, conhecida como “musa da Bossa Nova” ( veja a página feita por Isabel aqui ), era uma artista refinada e uma cidadã de primeira linha. Durante a ditadura militar, não se calou e lançou críticas aos militares. E as coisas esquentaram para seu lado depois de uma entrevista dada ao jornal “Diário de Notícias, na qual defendia a saída dos militares do poder. Era o ano de 1966 e Nara, aos 24 anos, disparou contra o regime: “numa guerrilha moderna, o nosso exército não serviria para nada (...) “quem está mandando é que deveria ser cassado”. E o jornal seguiu sua vocação de provocar os militares com o título: “Nara é de opinião: Esse Exército não vale nada”.
Os artistas saíram em defesa da doce Nara, ameaçada de prisão. Entre eles, o poeta Carlos Drummond de Andrade, com apelo direto ao presidente da República, o marechal Castelo Branco. E pediu, no poema-manifesto: Não prendam Nara Leão.
Meu honrado marechal
dirigente da nação,
venho fazer-lhe um apelo:
não prenda Nara Leão (...)
A menina disse coisas
de causar estremeção?
Pois a voz de uma garota
abala a Revolução?
Narinha quis separar
o civil do capitão?
Em nossa ordem social
lançar desagregação?
Será que ela tem na fala,
mais do que charme, canhão?
Ou pensam que, pelo nome,
em vez de Nara, é leão? (...)
Que disse a mocinha, enfim,
De inspirado pelo Cão?
Que é pela paz e amor
e contra a destruição?
Deu seu palpite em política,
favorável à eleição
de um bom paisano – isso é crime,
acaso, de alta traição?
E depois, se não há preso
político, na ocasião,
por que fazer da menina
uma única exceção? (...)
Nara é pássaro, sabia?
E nem adianta prisão
para a voz que, pelos ares,
espalha sua canção.
Meu ilustre marechal
dirigente da nação,
não deixe, nem de brinquedo,
que prendam Nara Leão.