sábado, 15 de agosto de 2009

Bob Dylan, um cidadão comum, simples mortal

Uma janela discreta. Ronald Junqueiro
Os dias passam sem dar satisfação. Hoje é sábado, depois é domingo e logo será a próxima semana, o que importa? Dias são o disfarce do tempo, assim como os relógios, as ampulhetas, o calendário, a agenda, o blog, a areia sob a qual seremos soterrados se nossos corpos não se transformarem em pó numa breve cerimônia fúnebre.

Soterramento leva ao esquecimento. O tempo é areia. Sob o tempo, cobrem-se vivos e mortos. Todos os dias. A falta de memória não está perdida lá no fim do túnel. Ela está na manhã de hoje, há algumas horas atrás. Não é coisa de desmemoriados apenas, mas de ignorantes, de um bando atropelado por essa velocidade temporal que nos faz perder o bonde da história ou o trem bala. Só quem viveu Woodstock ou sua era, guarda essa emoção que chega até aqui, quarenta anos depois. Montam colagens de velhos ídolos, muitos deles já mortos.

Para a moçada de hoje, isso não tem o mesmo significado. Lenda é um equívoco. Ora vejam só. Leio na Internet:

“A lenda do rock Bob Dylan foi tratada como um completo desconhecido pela polícia em uma comunidade na costa de Nova Jersey, quando um morador denunciou que alguém estava vagando pela vizinhança”.

Recorte do dia. Dylan foi parado por policiais que não o reconheceram e exigiram sua documentação, numa comunidade na costa de Nova Jersey. Os guardinhas tinham cerca de 20 anos. Claro que o Dylan de quarenta ou vinte anos atrás não é o mesmo hoje, não está no noticiário como as novas bandas e ídolos do rock e os guardinhas não têm obrigação de saber que estavam abordando uma lenda. Fizeram o que tinham de fazer mesmo que o roqueiro dissesse que estava em turnê.

Um morador desconfiado e policiais que estão mais para a geração dos filhos dos filhos da paz e do amor acabaram com o passeio de Dylan. O artista disse aos policiais que estava apenas caminhando e observando as casas para passar o tempo, antes do show de noite. Era apenas um transeunte, queria ser um simples mortal como tantos outros anônimos flanando pela cidade. Era um simples mortal.

Há dias logos e há dias curtos. E nesse passar podemos ser interceptados e impedidos de olhar a paisagem, a arquitetura das cidades, o movimentos dos anônimos. Somos todos suspeitos por estarmos na rua. Mas isso não impede a marcha nem a caravana. Nem os cães ladrando.

Outras coisas que me chamaram a atenção no dia:

- Shahrukh Khan, um dos mais famosos atores indianos, foi detido por duas horas no aeroporto de Newark, perto de Nova York, neste sábado. Khan teria sido libertado após a intervenção de um diplomata indiano nos Estados Unidos.

O ator, uma das maiores celebridades de Bolllywood (a indústria indiana do cinema), acusa as autoridades de imigração americanas de tê-lo interrogado por causa de seu sobrenome muçulmano.

O ator já apareceu em mais de 70 filmes de Bollywood e ganhou inúmeros prêmios por suas atuações. No ano passado, a revista americana Newsweek listou seu nome entre as 50 pessoas mais influentes do mundo. (BBC)

- Cerca de 200 pessoas fizeram à tarde, no Rio de Janeiro, um protesto contra a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado. Eles percorreram a orla da Praia de Copacabana do Posto 6 até o Hotel Copacabana Palace, exibindo cartazes com inscrições como "Fora Sarney", "Lugar de corrupto é na cadeia" e "Pena de morte para os ladrões". Muitos usaram nariz de palhaço, máscara para evitar gripe suína com os dizeres "Fora Sarney" e carregaram caixas de pizza. O grupo fez ainda um minuto de silêncio e cantou duas vezes o Hino Nacional durante a manifestação, que teve três horas de duração. (Agência Estado)

- O engenheiro Januário Reina, secretário de Administração da Prefeitura de Sorocaba, foi preso na tarde deste sábado por policiais da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). Ele foi flagrado com três adolescentes dentro de um motel em Itu, por volta das 15h30. (Agência Estado)

- A exposição Joconde - Da Monna Lisa alla Gioconda Nuda que é dedicada a trabalhos inspirados no quadro Mona Lisa. em cartaz no Museu Ideale Leonardo Da Vinci, na região da Toscana, até 30 de setembro. A mostra é dividida em duas partes: uma com obras histórica e outra com peças de arte contemporânea. Algumas destas obras trazem retratos da Mona Lisa nua.

Claro está que nenhuma delas bateria dona Norminha, personagem da talentosa (e gostosa!) paraense Dira Paes, na capa Playboy, se a atriz atendendesse aos apelos dom editor da revista.

Tem mais espetáculo, mas por agora vou dar uma espiada pela janela.

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