quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Para viciados em poesia, fingimentos e dores, para os que giram como girassóis e para os que se amam como pessoa e seus múltiplos


Meu desassossego adormece e acorda comigo. Ronald Junqueiro

Uma pessoa a transbordar pessoas, assim é Fernando, que se deságua em mares de poesia, que navega o mundo da palavra que em si apresenta-se como universo para todas as línguas e sentimentos. Em Pessoa me acorrento e me liberto. Em cada lugar de mim há um lugar que ele ocupa, na tristeza do cotidiano, no detalhe da alegria. Não lhe tenho a obra de cor e jamais queria tê-la. Vago em seus livros como errante girassol e não quero estradas em linha reta. Tenho saudade e assalto uma, duas ou mais páginas e por aí fico, rondando cada verso, rodando no mesmo eixo e assim deixo-me feliz como um demente demonstra ser, sem dar-se aos que estão em volta.

Desejo aos que por aqui passam 2010 de idas e vindas e de atalhos em cada caminho por onde passeie a felicidade em seus mil e um disfarces como o poeta que finge, mas sabe a dor e a alegria de ser o que é.

Abraços em todos,

Ronald

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"Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.


Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também".

Fernando Pessoa - Bernardo Soares



Um comentário:

Suely Nascimento disse...

Lieber Ronald.
O brilho dourado do sol quando toca o girassol para 2010. E um pouquinho mais de Fernando Pessoa.
Küss.
Sussu

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto ..."
(Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914)