sábado, 28 de junho de 2008

Pessoa à luz da tarde

Na cama com Bernardo, Fernando e Vicente. Três Pessoas. Ronald Junqueiro

Onde há uma brecha, há um caminho para a luz. Olho o fim da tarde e a tarde deixa pistas sobre a cama, acaricia os livros do poeta e me dá uma lição de vida, mais uma. Que venham a noite e outro dia. Deixei o hoje, o instante revelado. Um átimo, milésimos de segundo que podem durar o tempo para mais adiante de mim. Nessa viagem, pinço um trecho de Fernando Pessoa, uma brecha para a luz. Uma colagem poética.

"Todos aqueles acasos infelizes da nossa vida, em que fomos, ou ridículos, ou reles, ou atrasados, consideremo-los, à luz da nossa serenidade íntima, como incômodos de viagem. Neste mundo, viajantes, volentes ou involentes entre nada e nada ou entre tudo e tudo, somos somente passageiros, que não devem dar demasiado vulto aos percalços do percurso, às contundências da trajetória. Consolo-me com isto, não sei se porque me consolo se porque há nisto que me console. Mas a consolação fictícia torna-se-me verdade se não penso nela". (...)
(Livro do Desassossego – vol. II, Fernando Pessoa/Bernardo Soares)

3 comentários:

Anônimo disse...

Tão longe e ainda lês meus pensamentos... Que tenho, e muito, pensado neste Fernando, e às vezes me pergunto o que ele já perguntava: "Arre, estou farto de semideuses!/Onde é que há gente no mundo?". E, estivesse ele por aqui, eu diria: em Belém, Fernando, em Belém...

Unknown disse...

Então, Ana Luiza...não consigo me libertar de Pessoa...ou quem sabe ele não seja meu modo de libertação (?)...é que a obra dele é tão imensa e imensurável...tenho que fazer um esforço muito grande para ler outros poetas... Bj. Ronald.

Anônimo disse...

Ai, atualmente no meu blog está um post dos meus lençóis com dois Dalcídios. ;o)